sábado, 5 de março de 2016

O RETIRANTE POEMA DE 2003

O RETIRANTE

Não se sabe se foram os fortes ventos,
Ou a terra castigada que sempre muda
Mas o caminho se desfez, tornou-se
Uma trilha, algo apagado
O corpo flagelado abandonava o sertão
Tantas prosas, tantas promessas e cantigas,
Tudo ficou, seus pés fugiam
Seu coração se tornou árido, seco.
As chuvas foram acalmar outros destinos
Já o seu não mais sentia a vida
A água hámuito não o saciava
Ela foi embora, não quis voltar
O retirante enfim resolvera deixar o sertão
De pedra imóvel a ser vagante
Mas o sertão já era parte dele
Um elo com o passado com o bom
Foi a seca que acabou com tudo
As plantas, os risos, a água, o lar
Seu sorriso sumiu, outros precisavam de ti
Eu não tive coragem
Quando percebi a casa estava vazia
E o sol ardeu em chamas a terra, ou o que restou dela
Foi aos poucos mas o sertão não era mais o mesmo
Aquele caminho que via, perdeu as flores
Com custo deixei tudo atrás de água
A grande estrada não passava de uma trilha
Toda a felicidade desfeita, apagada
Não sei se a terra ainda produz
Mas ficou uma semente guardada
Na esperança de germinar de novo
Quando as chuvas voltarem, ou quando eu encontrar
O que me fez partir


Allan Francis da Costa Salgado

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