O RETIRANTE
Não se sabe se foram
os fortes ventos,
Ou a terra castigada
que sempre muda
Mas o caminho se
desfez, tornou-se
Uma trilha, algo
apagado
O corpo flagelado
abandonava o sertão
Tantas prosas, tantas
promessas e cantigas,
Tudo ficou, seus pés
fugiam
Seu coração se tornou
árido, seco.
As chuvas foram
acalmar outros destinos
Já o seu não mais
sentia a vida
A água hámuito não o
saciava
Ela foi embora, não
quis voltar
O retirante enfim
resolvera deixar o sertão
De pedra imóvel a ser
vagante
Mas o sertão já era
parte dele
Um elo com o passado
com o bom
Foi a seca que acabou
com tudo
As plantas, os risos,
a água, o lar
Seu sorriso sumiu,
outros precisavam de ti
Eu não tive coragem
Quando percebi a casa
estava vazia
E o sol ardeu em
chamas a terra, ou o que restou dela
Foi aos poucos mas o
sertão não era mais o mesmo
Aquele caminho que
via, perdeu as flores
Com custo deixei tudo
atrás de água
A grande estrada não
passava de uma trilha
Toda a felicidade
desfeita, apagada
Não sei se a terra
ainda produz
Mas ficou uma semente
guardada
Na esperança de
germinar de novo
Quando as chuvas
voltarem, ou quando eu encontrar
O que me fez partir
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